"Uma boa influência é coisa que não existe... Toda a influência é imoral, imoral sob o ponto de vista científico."

(Oscar Wilde)

Fútil irremediável.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

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Porque tanto teor de álcool, porque esse cheiro novo de cigarros, sem um esqueiro digno pra acompanhar? Essa atração pelo banal, casual, ao que aconteça, ao Deus dará.  É que de repente o fútil me parece sério, o imediato já me é belo, e o evitável não faço questão de evitar. Já não sei mais. Escute bem meu caro Lord, e me deixe em paz de uma vez! Já entendi a mensagem, já sou escravo daquela imagem, que me mostra dia a dia que o dia de amanhã não é dia que se preze, nem que a vela reze, nem sem o sol raiar. O que tenho de concreto, nessa masmorra espiritual, onde o incerto é estável, e o instável é mais que certo? Que pra completar de um tudo eu agora quero; são prazeres de relance, roupa nova pra cheirar, perfume velho inebriante, um lugar doce lar. Não tenho estigmas pra amante, não tenho nada que seja meu tão somente. Não tenho terras nessa esfera, nem tenho carro carruagem a me esperar. E você ainda rir assim, quando escrevo e digo, aos quatro cantos, que esse mundo não é pra mim!


(freitas de góis)

Serve o Silva

sexta-feira, 18 de março de 2011

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O que seria dessa terra sem a família silva, se o que fazem as de nome melhor serem ditas renomadas, quando o sol e o suor deles levanta as suas moradas? Cada Silva tem sua silvisse, mas é tudo de um só. Foi um silva que inspirou um pobre garoto que de compaixão não precisava, que de atenção já carecia.  Em que sua Mãe mal se podia, e a um Silva um dia pôde se criar. Eis que o Silva vira herói, a cada dia, e se vai. E eles só guardam quando já não podem aguardar mais. Paciência, meu irmão. Deixo convites que nunca chegarão. É do Sargento Silva que eu falo, meu senhor, que de avião já se atirou para salvar filho teu. Eita piada sem graça e mal contada; Acordar de madrugada pra dormir de vez por essa estrada. Constrói, trabalha, e há quem diga que não vale nada, aquele camarada. É de Silva que se vive a vida. Ele lutou por mais um dia, mas teve quem lhe tirasse as alvoradas. O que fazer? Não da mais pra dizer, e eu tinha bem mais que nada. Nem deu tempo se arrepender! Chora criança que teu herói não usava capa, e nem a mártir lhe deram essa chance.  Hoje é tarde, amanhã não existe mais que ontem. Mas só morre quem não existiu, e  se vive  em  ti, está na tua casa...








(freitas de góis)
Para meu irmãozão, Edison Silva...

Que a coisa aqui ta preta...

quinta-feira, 17 de março de 2011

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Sei que tô numa pior, das piores. Uma braba, meu camarada! E o que eu posso fazer se não faço nada? Deixo que fazem, deixo que façam. Não tenho poder, ele sempre andou metido por entre mãos erradas.  Pois muito bem, então que usem!  Eu fico na espera, me pondo de cabeça aquele terno preto, daquelas manhãs ensolaradas... Bem sei que isso é coisa de velho que se perdeu na estrada, sem rumo, sem morada. Mas sou um senhor de apenas vinte e tantos anos, sem nenhum filete de prata sequer. É uma verdadeira lastima meu Amigo. Só não me venha com sentimentalismos que de emoção a Minh’Alma anda farta, satisfeita, obrigada! Vê se me arruma um arranjo que é de prazeres fúteis que eu sinto fome. Nunca tive quaisquer ases de mangas, e quanto a naipes eu sou uma piada, mesmo que daquelas bem contadas. Ainda que me deem tantas cartas, do que me servem, se em apostas eu somo zeros, e de jogo sério não entendo nada?

(freitas de góis)

Criador ou Criatura...

sábado, 16 de janeiro de 2010

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Será a verdade cômoda?
Será a verdade incômoda?
Será a verdade filha da necessidade
e por isso mãe da realidade?
Será o homem uma criação de Deus
ou Deus uma criação da humanidade?

Criador ou criatura?
Tutor ou tutelado?

Talvez cego lesado
levado a crer no que precisa
para aceitar o que não pode ser mudado

Criador ou criatura?
Inocente ou culpado?

Talvez a verdade seja uma questão de ponto de vista
e a mentira um ser mutável
que igual à larva da borboleta com o tempo torna-se aceitável
Ficando a critério de cada um escolher a sua verdade,
A mais agradável.




CRIADOR OU CRIATURA, por Jarbas Leite de Albuquerque
(Historiador em Natal –RN) jarbasleite@oi.com.br

Desenhando Promessas...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

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Era uma daquelas noites, tediosas... E mesmo assim esse não era o problema. Pela janela do quarto - que ficava no primeiro andar, no sótão -, a janela que aponta direto para o céu, mostrava apenas uma escuridão nublada, com uma só estrela a brilhar. Sua mãe já havia trazido biscoitos e chocolate quente. O senhor Castor – na época, ‘não senhor’ - não podia reclamar. Mas seu amigo, O pequeno Coelho, tinha problemas, sérios problemas, podia-se dizer...


- Como assim, sente-se vazio?!

Disse, tão surpreso que pensava ter soado com tom de desprezo.


- Não sei, eu tenho muito, muito do que podia sonhar ter, melhor, muito do que preciso ter... Mas falta algo, algo que necessito!

Disse o pequeno coelho.


Eram jovens, daqui a alguns anos seriam da turma dos meninos mais velhos, e prometeram jamais se separarem, não mesmo, como poderiam?! Seria horrível. Afinal haviam feito a promessa de serem amigos para sempre. E uma promessa dessas não se quebra, definitivamente, por Deus, não! Por Deus...


- Espere!

Correu e vasculhou apressadamente em sua gaveta onde guardava seus preciosos tesouros.

- Aqui! Vou resolver tudo!

Derramou uma caixa de Giz de cera, que havia ganhado de presente de um amigo, e um papel bonito de textura envelhecida. Seus olhos pareciam esperançosos, algo dizia que podia realmente ajudá-lo dessa vez, como já houvera feito antes.


- O que vai fazer?

Disse ele, finalmente, com um olhar enigmático, mas pouco expressivo, só o mesmo rosto triste. Pensou consigo: talvez nem mesmo você possa me ajudar dessa vez.


- Com isso posso desenhar tudo que precise!


- Mas serão “apenas” desenhos.


- Não, são promessas! E promessas têm que se cumprirem.


- Verdade...

Abriu um sorriso de canto, e admirou o amigo; como era importante pra ele, e ele sabia que a recíproca era verdadeira.


- Quando você se sentir triste desenho o que mais te fizer feliz, quando você precisar de algo, desenho da melhor forma possível. Desenho um Castelo pra gente fugir pra lá, podemos viajar, não é incrível?! Posso te dar qualquer coisa...

- Bom... Desde que tenha papel e giz de cera suficiente, então não seja ambicioso.

Os dois riram por um tempo com a idéia. E sorrisos sempre ajudam a sarar feridas. Então já era um começo, mas não era tão simples.


Quando os sorrisos cessaram, ficaram por um tempo calados, deitaram-se no chão, um imitando o outro, olhando através da janela, com braços e pernas abertos, cabeças juntas, como numa imagem de espelho. Admiraram o céu juntos, mas o silêncio foi interrompido:


- Desenhe Deus pra mim...

Disse, com os olhos úmidos e tristes, tentando um sorriso de canto, muito forçado.


- Nossa!

Ficou estremecido com a idéia, como desenhar algo assim? Como? E faltaram palavras. Mas não podia abandoná-lo, não agora, nunca! Mas especialmente agora, quando ele já se sente assim, e ainda mais por “quem”...

O castor levantou lentamente, e apoiou seu queixo sobre a mão com os cotovelos contra o chão, meio deitado agora; fixou-se nos olhos de seu amigo, ainda não sabia o que dizer, o que fazer, e ficaram se olhando. Pensou;

- Espere...

Disse mais uma vez, não tão entusiasmado como antes, mas ainda assim esperançoso. Levantou e foi dessa vez às prateleiras, naquelas paredes brancas com verde claro, do seu quarto, que o prenderam em foco. E trouxe alguns potinhos de tinta. Lambuzou os dedos de algumas cores, cada um de uma, e fez marcas e listras curvadas sobre a folha, nada tão bem feito, não pareciam propositais, mas dava pra ver em seus olhos que elas significavam algo e que ele sabia bem o que fazia.

- Pronto, pegue, é pra você!

E deu um sorriso acolhedor para o amigo que continuava a olhá-lo sem entender muito bem o que acontecia.


- Isso é Deus? Desculpe, Não entendi.


- Não... Não exatamente. É impossível pra mim, desenhá-lo.


- Então, o que é?


- São como rios!


- Como assim, rios?


- É assim... Imagine que esses são rios cheios de suas memórias, cada um numa linha de tempo.


- Bom...


Interrompendo-o Falou:

- Apenas imagine... Tudo bem?!


- Entendi!

Fechou os olhos como pediu o amigo, e se esforçou ao Maximo pra acompanhar suas idéias.


- Agora veja! Ta transbordando, em sua vida, com todas as suas ações, com tudo que passou, e das encrencas que escapou, e muitas nos metemos e que escapamos, confesso!

Riram rapidamente...


- É incrível! Acho que consigo ver tudo, digo; lembrar-me de tudo.

Disse um tanto mais animado.


- Pronto. Deixe-me ver...

(procurou as palavras)

- Ah sim! Em cada momento, cada um deles, por mais singelo, por mais grave ou perigoso, ele esteve sempre com você. Por que haveria de ir justo agora?

- Entendo, mas não sei, não consigo sentir, esse é o problema!


- Esse é o problema!

Disse com o mesmo tom.


- Ta me imitando?


- Não, só quero dizer que não precisamos realmente sentir, as vezes basta saber, basta ver! Entende?!


- Sim! Mas...

Após uma longa pausa:

- Vamos dormir?! Já ta muito tarde. Sua mãe logo virá ver se estamos dormindo.

Agora seus olhos estavam secos, e ele parecia um tanto satisfeito. O Castor o conhecia, decidiu não insistir mais. Foram dormir.


Após algum tempo em silêncio, Levantou o amigo Coelho e foi à janela; o céu, já estava estrelado e com uma fatia de lua, muito linda, a iluminar. O Castor o seguiu e ficou a olhar ao seu lado. Subitamente o amigo deu-lhe um abraço, tão rápido e apertado, que assustou um pouco ao ‘senhor’ Castor:


- Obrigado! Isso vai passar...

Disse ao ouvido, o pequeno Coelho, num som abafado pelo pano da camisa no ombro do Senhor Castor.


- “ELE” vai “voltar”. Lembre-se; desenhos são promessas, e com as pinturas não é diferente.


- Eu sei, agora eu sei! Afinal, promessas têm que se cumprirem, não é?

E voltaram a dormir; calmamente, aquela seria uma longa estação, que sem duvidas estaria a mergulhar e nadar em alguns rios coloridos, dentro do mundo daqueles dois.


(ƒrєıтα dє Góı)

Ultimo dia...

sábado, 12 de dezembro de 2009

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E ao lado de vocês posso sentir-me realizado; aqui sentados, contando velhas historias de guerras e amor... Não há nada tão triste, tão grave, tão forte que nos cause horror. Iremos rir e sorrir, juntos, enquanto choros e gritos ecoam, tentando nos alcançar. Lembranças de todos, são mais do que de um só. Respiraremos o ar “puro”, cantaremos e falaremos bobagens, como se hoje fosse só mais um dia; Deveras mais intenso; deveras mais feliz! O céu vai desabar e talvez nos destrua, mas quem procura o paraíso - não perca seu tempo - ele já veio ao nosso encontro! Você não pode se ajuntar; o lugar é de todos, mas o momento é nosso. Entre drinques e abraços, sentados num compasso simples, em um circulo inatingível; Assistiremos de camarote ao fim de tudo, se desfazendo em elementos, que não a quintessência, que já provou o seu valor, vendo as ondas saltarem, as terras desabando... Do mais alto pico, o mais alto amor! Os estalidos das chamas que queimam pra derrotar o medo do escuro; A primeira aurora; E um “ultimo” pôr-do-sol... Que as águas nos leve, abruptamente, já diziam as más línguas que foram elas que nos trouxeram... Só então poderei dizer: Valeu a pena! E por vocês, minha vida não foi pequena.


(ƒrєıтα dє Góı)

To|day

Um calor...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

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E era como um girassol a fitar
seu amado sol
A persegui-lo, tentando sentir
aquela luz forte e quente!

Um calor e brilho tão maravilhoso
que chegava a ser perigoso, mas
não fazia mal; os olhos com os
quais olhava-o, não poderiam
cega-los...

Um ardor incomodo, um incomodo
vivaz, que fazia-o lembrar de
algo que deveria sentir, algo
inacabado, que seria para sempre
lembrado!

Mas pergunta o sol, poderia pra
mim definir o que seria esse
calor a sentir?
E responde aquela especie de flor:
- Seria eu um tolo se tentasse,
chamariam-me de poeta talvez, ou
bobo apaixonado.

Apenas deixe-me sentir... Durante o
tempo a se seguir; em todos esses
luminosos raios a que fui presenteado.

(ƒrєıтαร dє Góıร)